Crise Mundial da Água: São Paulo
Há algum tempo que venho comentando, aqui em casa e com amigos, sobre os níveis de água do sistema Cantareira em São Paulo. Notadamente, a imprensa (leia-se os canais mais assistidos pelo povo) apenas noticia umas notinhas rápidas sobre o assunto e sempre com uma "amostra" de entrevista com a Sabesp ou como governador, os quais afirmam que não há, e nem haverá, racionamento. As mídias paralelas vem mostrando um racionamento, que de disfarçado não tem nada, seja à noite, seja durante o dia, seja durante algumas horas do dia, e até mesmo um dia inteirinho de 24 horas sem receber água em casa. Fato que levou muitos moradores a instalarem caixas de água em suas casas - sábia decisão.
Mas a política estava às portas, as campanhas de reeleição iniciaram já no ano passado. Ou será há mais tempo e isso nem percebemos - mas esse não é outro assunto, pois tudo está ligado. O interesse maior de quem está no poder é se manter no poder. Chegaram as ditas eleições e muitos políticos responsáveis diretamente pela gestão da cidade foram reeleitos! A população é cega? surda? o que aconteceu? está tudo aí na frente dos nossos narizes, mas fazemos "ouvidos de mercador".
Agora que o poder se mantém, a mídia, leia-se novamente - a mídia que a maioria assiste (segundo as estatísticas), vem mostrando o caso com mais assiduidade, claro, não é possível mais esconder o fato consumado - a metrópoles do Brasil vai ficar sem água.
Logo abaixo é um mapa do Sistema Cantareira, formado pelos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí e seus afluentes que foram transpostos e interligados para formarem este sistema de abastecimento. Suas nascentes estão na Serra da Mantiqueira na divisa de São Paulo com Minas Gerais.
Uma postagem de Júlio Boaro
aqui, trás detalhes de como o sistema funciona.
E aqui está uma publicação de Antonio Fernando Pinheiro Pedro sobre a história desde o século XIX, de como foi concebido e implantado este sistema de captação, reserva e distribuição da água, uma obra de engenharia complexa, que sustentou o maior polo urbano do país por décadas. Mas que desde 2008, além de sofrer de uma seca interminável, está entregue à má gestão de políticos (eleitos e reeleitos pelo povo, lembrem-se).
Mais interessante ainda é a reportagem da IHU que você pode ler aqui sobre o Hidronegócio. Ééee, hidronegócio, água vale milhões na bolsa!
E se quiser se aprofundar no entendimento desta crise, que não está circunscrita à Grande São Paulo, pois é uma crise mundial anunciada para os próximos 20 (ou menos) anos, vale a penar ler o livro lançado recentemente por Karen Piper da Universidade de Minnesota - The Price of Thisrt: Global Water Inequality and the Coming Chaos (O preço da sede:a desigualdade da água e o advento do caos) disponível na Amazon (em inglês).
Algumas imagens captadas na internet mostrando o antes e o depois (estarrecedor no país mais rico em água do planeta!)
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