Saturday, October 16, 2010

Haiti: antes e depois do terremoto



Haiti o país mais pobre das Américas, sofre grandes perdas com os furacões e tempestades tropicais. Uma série de tempestades atingiu o país em 2008, deixando 800 mil pessoas sem moradia. Por causa dos desmatamentos, essas tempestades são sempre seguidas por outras tempestades. As casas construídas de concreto para proteger as pessoas contra as tempestades, caíram com o terremoto de 2010.
Cerca de 1/3 da população (3 milhões) do Haiti, com seus 9 milhões de habitantes, vive na região de Porto Príncipe, o epicentro do terremoto devastador.



  • Há poucas indústrias e a maioria dos haitianos luta para sobreviver diariamente. Cerca de 65% das pessoas vivem na pobreza - um número que aumenta para 80% na zona rural. enquanto a educação é gratuita para crianças de 6 a 11 anos, muitas não podem frequentar a escola devido aos custos de uniforme, livros, materiais e disponibilidade de escolas e professores. Cerca da metade da população adulta não sabe ler.








Um mês após o terremoto, as ruas ainda continuavam entulhadas de escombros, com pessoas vagando se ter onde ir, tentando se proteger do sol escaldante, procurando as filas onde os donativos eram distribuídos.



  • Cerca de 95% da população do Haiti é de descendência africana, o restante 5% são mulatos. A primeira colônia européia a declarar sua independência em 1804, os mulatos formam a elite governamental e controlam a maior parte da riqueza do país. Fato que sofreu represália por parte dos países escravagistas europeus e americanos que mantiveram bloqueio comercial sobre o país por 60 anos e um pagamento compulsório da dívida. O país possui alta densidade demográfica e a maioria ainda continua sobrevivendo por meio da agricultura de pequenos pedaços de terra, onde o solo está esgotado. 
  •  No século XVIII foi a colônia francesa mais próspera na América, exportando cacau, café e açúcar (concorrendo com a colônia portuguesa do Brasil). Hoje, não há estrutura energética, seu principal meio de comunicação ainda é o rádio e a ocupação militar e interferência internacional já dura 6 anos.


  • Com o tamanho menor do que o nosso Estado de Alagoas, superou o Brasil na época da exploração da terra para a produção da cana-de-açúcar nos séculos passados. Para tal, foi necessário um desmatamento quase total do país, o que sobrou da floresta tropical é retirada para fazer carvão combustível e para cozinhar.




  • Após o terremoto em janeiro, durante os últimos oito meses, não se há dado nenhum processo de recuperação real, nem de inversão massiva, que poderia permitir ao povo do Haiti recuperar o que existia antes do terremoto. 
  • O que vemos é uma situação de embate, de jogo, de manipulação, onde o que mais preocupa ao capitalista é aproveitar-se do que chega como ajuda de emergência ou reconstrução, para reforçar a presença das transnacionais no país. 

  • As tropas da ONU ainda não foram capazes de dar uma resposta eficaz às vitimas do terremoto. Entulhos e acampamentos improvisados ainda tomam as ruas da capital Porto Príncipe, mas não se vê nenhuma movimentação por parte das tropas militares para a retirada dos escombros e início da reconstrução de prédios e edifícios. E não se pode culpar a falta de verbas ou recursos humanos, já que depois do terremoto houve o incremento de 3.500 pessoas no corpo da MINUSTAH, com orçamento reforçado em 126 milhões de dólares anuais somente em soldos. Não custa lembrar que um soldado designado para serviços militares no Haiti recebe por mês cerca de 3 mil dólares, o equivalente a 4 anos de trabalho de um haitiano que vive com um salário mínimo.
  • Nos dias que se seguiram ao terremoto de janeiro, a devastada Porto Príncipe se tornou o local de peregrinação preferido para políticos e personalidade de todo mundo expressarem sua compaixão. Sobrevoando as ruínas em seus helicópteros, declararam com voz embargada suas condolências perante as câmeras de televisão e reafirmam compromissos de ajuda às vítimas do terremoto.


  • Enquanto a comunidade internacional propagandeia uma ajuda financeira de U$ 9,9 bilhões para a reconstrução do país, ruínas e escombros se amontoam pelas ruas e estradas e a única ação visível desta ‘reconstrução’ são acanhados mutirões de limpeza nos quais homens e mulheres haitianos retiram com as próprias mãos ferros, vigas, destroços e corpos.

Estima-se que 1,2 milhões de hatianos ainda vivem acampados em barracas, a maioria frágeis contra as tempestades. 

Fontes de pesquisa:
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A Ciência feita por Brasileiros

Estas são uma amostra de uma série de entrevistas voltadas para professores e estudantes do Ensino Fundamental e Ensino Médio, mostrando a Ciência que se faz em nosso país, especialmente nas unidades de pesquisas ligadas ao Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT.
Este é um projeto idealizado e coordenado por Vera Pinheiro, com iniciativa do MCT.
Estas entrevistas estão no site da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.
Eu escolhi três depoimentos que achei muito relevantes para a desmistificação da ciência e do cientista.


Assista aqui:

Dr. Sérgio Mascarenhas - Carioca, ele é um grande divulgador da ciência. Se formou químico, físico, é professor emérito do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da Universidade de São Paulo (USP), membro da Academia Brasileira de Ciências e da Academia de Ciências do Estado de São Paulo, foi professor visitante em HarvardPrincetonMIT e fellow do Institute for Advanced Study de Princeton, é Membro Honorário do Instituto de Estudos Avançados (IEA) fundador e atual coordenador do IEA-USP de São Carlos.  A vida profissional do Dr. Sérgio é tão surpreendente que o melhor mesmo é dar uma coconsultada no Currículo Lattes dele. 



A seguir:

Maria de Jesus Coutinho Varejão – Pesquisadora, há 40 anos trabalha no INPA/MCT. Um laboratório cheio de ácidos e de vidros, que exige todo um cuidado, é apresentado logo aos alunos de PIBIC Júnior que lá vão trabalhar. Aprendeu a ler com 3, 4 anos e aos 5 já era alfabetizada. Muito curiosa, filha de pais professores e nascida na Paraíba, concluiu o segundo grau no Recife porque queria fazer sua formação em Engenharia Química na UFPE. O mestrado em Química Analítica Inorgânica ela cursou no Rio de Janeiro e o doutorado em Biologia (Ecologia) foi feito no INPA, na Amazônia. Ela conta que correu muito nos paralelepípedos de Recife durante a época da Revolução... Hoje, voltada para a Química Analítica, trabalha com produtos florestais e com a toxidade da madeira na área florestal. “Um móvel ou uma casa não podem ser construídos com madeira que seja tóxica”, alerta a pesquisadora.






Mais vídeos diretamente do site no Canal de Vera Pinheiro 



Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2010 (18 a 24 de outubro de 2010)

A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia é um evento nacional que ocorre em todos os estados brasileiros ao mesmo tempo, com inicia em 18 de outubro, siga o link e fique atualizado, e veja o que está disponível em sua cidade e/ou estado para que possa participar. O tema deste ano é "Ciência para o Desenvolvimento Sustentável".

http://semanact.mct.gov.br/index.php/content/view/3637.html

Sunday, October 3, 2010

Em defesa da Amazônia: Belo Monte é só o início

O Movimento Xingu vivo acaba de lançar os vídeos Em defesa da Amazônia 1 e 2, os quais serão exibidos e compartilhados entre a população brasileira, mostrando a riqueza da biodiversidade do Rio Xingu e o que pode acontecer com a polêmica construção da Usina Hidroelétrica de Belo Monte.  A primeira de um projeto faraônico de construção de mais de 60 Usinas na Amazônia nos próximos 20 anos.

Defendendo os Rios da Amazônia 1




Defendendo os Rios da Amazônia 2




Fontes:
Blog e site Xingu Vivo
http://xingu-vivo.blogspot.com/
http://www.xinguvivo.org.br/

Entrevista com Sheyla Juruna à IUH on-line publicada em:

http://www.ecodebate.com.br/2010/10/01/belo-monstro-para-o-mundo-entrevista-com-sheyla-juruna/
e em
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=36606

Assine a petição em

https://salsa.democracyinaction.org/o/2486/action/parebelomonte


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Sunday, August 29, 2010

Queimadas no Cerrado

Uma queimada logo em frente à minha casa, na chácara do vizinho, mato baixo e muito seco, queimada espontânea. Nem bombeiro deu conta, foi muito rápido!!


De quebra uma lua azulada pela fumaça, absurdamente linda!

Wednesday, July 21, 2010

Matadouros: No Inferno, todos vestem roupas brancas, artigo de Denise Terra

Este é o depoimento de uma estudante de Medicina Veterinária do RS, a qual nos descreve como cumpriu parte de uma disciplina obrigatória na faculdade, com uma riqueza de detalhes que é como se estivéssemos vivenciando os fatos, é impressionate!!!
  • "Ainda não amanheceu, estamos diante da chuva e do frio do inverno gaúcho à espera do ônibus que irá nos guiar até um dos maiores matadouros do RS. Somos estudantes de medicina veterinária, cursando uma disciplina obrigatória de inspeção de produtos de origem animal. A maioria de nós encontra-se eufórica, à espera dos ‘momentos emocionantes’ do dia. Eu estou em um canto, sendo observada de perto pela professora e o coordenador do curso, que ao saberem que sou vegana e ativista, temem que eu tenha um colapso na linha de matança.
  • Entramos no ônibus e seguimos viagem. No caminho, a sensação de que as cenas que eu teria que presenciar não seriam diferentes daquelas filmadas clandestinamente em matadouros ao redor do mundo, e ao mesmo tempo o sentimento inequívoco de que estaria prestes a presenciar uma série de crimes considerados ‘necessários’ pela humanidade.
  • Chegamos! Ao abrir a porta do ônibus, já somos tomados pelo impregnante odor adocicado da matança das aves que ocorre dentro do estabelecimento. Adentramos o local, após termos vestido roupas brancas especiais, e começamos a visita no sentido contrário ao fluxo produtivo para evitar contaminações no produto final. Trata-se de um corredor estreito, com o pé direito baixo, quase um túnel, que desemboca em uma luz amarela intensa, para repelir insetos. Nossa guia, então, abre a porta e entramos na parte final da produção. Um sistema complexo de esteiras e ganchos, chamados nórias, passam por nossas cabeças, e neles estão fixadas pelas patas as carcaças de frango, que pingam incessantemente uma gordura fétida acrescida da água hiperclorada utilizada em sua higienização.
  • Sob as esteiras estão os funcionários que trabalham em pé, diante de uma bancada, na maioria mulheres, que nos olham com curiosidade e espanto. A expressão em seus rostos é de uma tristeza marcante, mesclada pelo cansaço físico dos movimentos repetitivos que têm que executar diariamente. O barulho do local é ensurdecedor e, conforme andamos, o cheiro forte torna- se cada vez mais desagradável. Em cada bancada, os funcionários devem desempenhar uma função, chamadas de linhas de inspeção, que são classificadas por letras do alfabeto. Em cada letra ocorre a retirada padronizada de determinados órgãos. Um grupo de mulheres, muitas sem luvas, trabalham retirando com as mãos, com uma destreza impressionante, a vesícula biliar das carcaças em processo de evisceração. Mais adiante, outra funcionária dedica-se a ‘pescar’ com uma barra de metal as carcaças que caem no chão, para destiná-las à graxaria, onde serão transformadas em produtos não-comestíveis. Durante a passagem das nórias podemos observar que cada uma apresenta uma marcação com uma cor, o que serve para fazer a contagem final dos frangos por produtor e repassar o lucro referente ao dia.
  • Uma máquina especial remove toda a carne restante presa nos ossos, que farão parte da liga que irá compor os caros e adorados nuggets. Estamos agora diante dos chillers, equipamentos responsáveis pelo aquecimento seguido de um resfriamento rápido das carcaças, com a finalidade de eliminar contaminantes biológicos da carne. Os chillers nada mais são do que grandes piscinas vermelhas de sangue com partículas de gordura que ficam boiando na superfície, onde os frangos ficam embebidos.
  • Olho para o chão e tudo o que vejo é sangue e uma quantidade absurda de água que parece verter de todos os lados para a limpeza das carcaças – estima-se que para a limpeza de cada carcaça de frango se gaste em média 35 litros de água! Desvio o olhar para cima e vejo carcaças sangrentas passando por minha cabeça, pois estamos nos aproximando do início do processo, quando começam a surgir aves com cabeças e penas, que são retiradas em uma máquina específica, o que deixa o chão lotado de penas brancas.
  • Nossa guia nos avisa que estamos chegando à linha de matança. Há uma diminuição abrupta da luz, onde funcionários trabalham quase no escuro. Os índices de depressão dos funcionários que exercem essa função são extremamente elevados, devido à insalubridade. Trata-se do início do processo de insensibilização. A luz é reduzida com a finalidade de reduzir a atividade e o estresse dos animais, que são extremamente sensíveis a este estímulo. A esteira segue com as aves penduradas na nória pela pata, de cabeça para baixo e agora passam por um túnel, onde sofrem eletronarcose – isto é, são molhadas e eletrocutadas, de modo que isso as atordoe, mas sem causar a morte. As galinhas seguem estáticas pela esteira, onde logo encontram uma serra, que fica presa a uma espécie de roda, e têm suas gargantas cortadas. Nossa guia nos explica que dependendo do tamanho das aves a altura da lâmina deve ser ajustada, para reduzir a margem de erros no corte mecanizado.
  • Na sequência, algumas galinhas encontram-se com o pescoço intacto, enquanto outras, mesmo com a traquéia perfurada, começam a se mexer, visivelmente conscientes. Um funcionário tem então como tarefa cortar o máximo de pescoços de galinhas que falharam na serra automática, mas a esteira passa em uma velocidade assustadora, são muitas aves que devem morrer hoje para atender à demanda do mercado, cada vez mais voraz por carne de frango. Não há tempo para cortar o pescoço de todas as intactas, nem de abreviar o sofrimento daquelas que se debatem. As aves seguem para serem escaldadas em água fervendo.
  • Fomos levados ao local do recebimento das cargas. Vemos caixas e caixas com mais aves do que espaço interno, em algumas há mais de dez animais. São tantas que muitas estão fora das caixas, respiram ofegantes, com o bico aberto pelo estresse e pelo medo. Elas estão há dez horas em jejum, sendo permitido o abate somente até doze horas após o início do jejum. O trabalho segue em ritmo frenético. Uma colega encontra uma galinha solta e a pega, colocando-a, de forma orgulhosa, em outra caixa que segue na esteira rumo à serra automática, emitindo um comentário de que estava feliz por ter conseguido pegá-la. Descemos as escadas e nos deparamos com o caminhão que as trouxe. Somos instruídos a não passar muito perto, pois poderíamos ser bicados pelas aves apinhadas dentro das caixas. Nos afastamos um pouco e, em poucos momentos, vemos aves soltas em cima do caminhão. Elas tentam voar mas não conseguem, e muitas acabam caindo direto no chão. Um funcionário aparece com um gancho e as junta pelas patas, como se fosse inços em meio a grama. Violentamente, ele junta o máximo de aves que pode pegar com cada mão. As aves estão penduradas apenas por uma das patas. Então, alguém lembra que ele poderia ser mais delicado e pensar no ‘bemestar’ animal, afinal, deste modo, os frangos podem apresentar lesões graves como rupturas e fraturas, o que compromete o retorno financeiro pela carcaça.
  • Somos encaminhados para uma espécie de área de descanso dos funcionários, onde esperamos pelo veterinário responsável pelo setor de suínos para nos acompanhar na visita deste setor. Neste momento uma funcionária, escorada por mais duas colegas, passa em estado de choque por nós. Ela estava sangrando muito na mão. Acabou de sofrer um acidente de trabalho. Ela chora muito, a lesão parece grave. Uma colega nossa se manifesta rindo, dizendo que não vai comer o frango que ela estava eviscerando na hora que se machucou! Muitos acham graça e riem. Mais à frente vejo uma placa dizendo ‘Estamos a ZERO dias sem acidentes de trabalho’ e, logo abaixo, ‘Recorde sem acidentes:83 dias’.
  • No setor de suínos, passamos pelo mesmo ritual de antissepsia e adentramos outro corredor estreito com luzes amarelas. Meu nariz ainda está impregnado com o cheiro da morte das galinhas e meus ouvidos ainda não se acostumaram ao barulho estridente das máquinas, que são fortemente audíveis mesmo com o uso de protetores auriculares. Uma porta se abre, e atrás do veterinário estão centenas de carcaças de porcos mortos pendurados pela pata traseira, passando pela esteira. O tamanho do animal impressiona. O veterinário nos conta que ali são abatidos 2350 suínos por dia! Os funcionários agora são em sua grande maioria homens, muitos aparentemente se orgulham de sua função, e riem enquanto serram o abdômen do animal e retiram as vísceras. Neste setor a esteira anda mais lentamente, devido ao tamanho do animal e a menor quantidade de animais que estão sendo abatidos, quando comparado ao setor de aves. Há sangue por tudo.
  • Para caminhar, temos que desviar das carcaças de 100 kg penduradas sobre nossas cabeças. Os funcionários realizam seu trabalho em etapas específicas da produção, uns arrancam a cabeça, enquanto outros em outra parte da sala removem os órgãos internos e outros ainda são responsáveis pela identificação de qual cabeça pertence a que corpo, através de um sistema de numeração para posterior inspeção de possíveis lesões que possam causar danos à saúde pública. Mais à frente vemos uma impressionante sequência de dezenas de porcos abatidos subindo de uma andar ao outro pelo sistema de esteiras. Somos convidados a ir até o andar de baixo onde ocorre a sangria. Para chegarmos lá temos que descer uma escada helicoidal estreita e escorregadia, devido à presença de gordura suína sob nossas botas. No meio desta escada existe uma espécie de calha por onde passam os animais mortos, ainda cheios de sangue. Nossa roupa está tapada de respingos de sangue.
  • De repente a temperatura do ambiente muda e começamos a sentir um calor e um barulho atípicos do lugar. Olho então para frente e vejo a cena de uma carcaça pendurada por uma pata passar por uma espécie de jogo automatizado de chamas. Durante os poucos segundos que dura o processo, podemos ver as carcaças envoltas de uma labareda azul, e sentimos um forte cheiro de pêlo queimado. As labaredas são utilizadas para eliminar os resquícios de cerdas após a remoção dos pêlos, previamente removidos por um sistema de borrachas. Chegamos finalmente na sangria. Os gritos estrondosos dos animais deveriam fazer qualquer um perceber que não é possível existir bem-estar diante da banalização da morte. Ao invés disso, muitos riem cada vez que um suíno é grosseiramente empurrado por um funcionário, munido de uma vara capaz de disparar choques de baixa intensidade, em direção a uma espécie de escorregador totalmente fechado dos quatro lados. No fim do escorregador está um funcionário de aparência assustadora com uma barra com uma espécie de ‘U’ na ponta. O ‘U’ é encaixado na cabeça do animal e suas pontas ficam em contato com a região temporal do crânio, onde um choque de grande intensidade é disparado. O animal cai como uma pedra, gerando um barulho característico de seu corpo desabando sobre a esteira metálica. Muitos apresentam contrações involuntárias nas patas, e parecem estar dando coices. Com uma destreza impressionante o funcionário seguinte corta a garganta do animal. Através do orifício na traquéia jorram litros de sangue. O veterinário nos explica que neste momento o animal ainda não está morto, mas que “conforme as boas práticas de bem-estar animal, estes devem morrer dentro de no máximo seis minutos”, após ocorrer a total eliminação do sangue pelo bombeamento cardíaco. Na verdade, o real motivo para que não se aceite a morte do animal em tempo superior a este, é evitar que a carcaça fique PSE – ‘pale, soft, exsudative’, ‘pálida, friável, exsudativa’, pois este tipo de produto não apresenta a qualidade necessária exigida pelo mercado, e consequentemente há perda nos lucros.
  • Somos levados até os currais onde podemos ver os suínos vivos serem empurrados para o escorregador. Eles estão em pânico, uns sobem sobre os outros, enquanto nos olham fixamente nos olhos com a real expressão do horror. Os gritos tornam-se cada vez mais altos e o funcionário os empurra com o bastão de choques. Mais atrás está outro funcionário com uma espécie de relho feito de sacos plásticos, e o desfere contra o lombo dos animais para estes andarem na direção da matança. O veterinário nos explica que o relho é feito deste material para não machucar os animais. Isto constituiria crueldade, algo condenável pelo ‘bem-estar animal’, valor muito importante dentro da empresa, e que poderia acarretar em lesões cutâneas, afetando negativamente o valor da carcaça.
  • Por fim, podemos ver os currais de chegada, onde os caminhões descarregam diariamente os animais para o abate. É neste local que deve ser feita a inspeção ante-mortem pelo veterinário da inspetoria. De acordo com os preceitos da humanização da morte, todos aqueles animais que chegam com fraturas na pata e que não conseguem mais se locomover adequadamente devem ser removidos em separado e enviados para a matança imediata, isto é, devem ter o direito de ‘furar a fila’ a fim de que o seu sofrimento seja abreviado. O veterinário, com muito orgulho, faz questão de dizer que “o processo precisa ser feito”! E que já que é necessário, “é preciso fazê-lo com dignidade e respeito pelos animais”; Ele ainda afirma que na indústria é possível assegurar que estes animais não passam por sofrimento, e que o seu fim é muito menos cruel do que seria se fossem predados por um leão na natureza!
  • Neste momento, é difícil conter o riso diante da tortuosidade do raciocínio exposto. Em local algum do mundo teríamos mais de 2000 suínos sendo predados em cadeia por leões vorazes, sistematicamente, todos os dias. Ao que consta, leões não têm a capacidade de raciocínio semelhante a um humano. Eles não podem fazer escolhas, simplesmente porque não têm como refletir sobre as consequências dos próprios atos. Leões não planejam estrategicamente como irão matar suas presas a fim de terem lucro com isso, e tampouco consideram normal a condição de degradação de outros seres de sua própria espécie em prol da satisfação do luxo de outros poucos. Apenas o ser humano é capaz de ter estratégias para a exploração máxima de todos aqueles capazes de sofrer sem de fato considerar isso. Hoje, muito se fala sobre bem-estar animal, porém trata-se apenas de um modo mais refinado de justificar injustificáveis fins.
  • O bem-estar animal agrada a muitos, pois consegue suavizar o sofrimento e a culpa daqueles que sustentam a indústria da morte, e ajudam a aumentar os lucros através de medidas que teoricamente são adotadas para beneficiar os animais, mas que são norteadas pelo aumento da produtividade e qualidade do produto final. O limite do ‘bem-estar animal’ vai até onde o marketing e o lucro podem vislumbrar. É inacreditável que, para a grande maioria, ingenuamente, esse ainda seja visto como o caminho para o fim do sofrimento. O sofrimento animal apenas poderá ser reduzido quando criarmos coragem para defender o direito dos animais, através da abolição do consumo de seus corpos para a satisfação fugaz de nossos desejos egoístas.

E ainda temos a capacidade de nos julgar como “os seres superiores” do planeta!!!!

(Matéria publicada no Vanguarda Abolicionista).

Wednesday, July 14, 2010

Créditos de Carbono: Porque e para que?

Créditos de Carbono: Porque e para que?

Créditos de Carbono também conhecidos como RCEs (Reduções Certificadas de Emissões) os quais podem muito bem ser chamados de Certificados que autorizam a poluir! 
  • O diretor executivo da European Climate Exchange, Patrick Birley, é um expert no mercado de carbono. Ele afirma que aproximadamente 95% dos créditos de carbono comercializados no mundo são efetuados através de sua bolsa (Bolsa Européia do Clima).
  • Em seu discurso em um evento organizado pelo Instituto de Assuntos Europeus e Internacionais (Irlanda, Nov.2009) o mercado de carbono (que você pode assistir aqui), Patrick Birley afirma sobre os créditos de carbono:
Não reduz nem uma tonelada de carbono liberada na atmosfera. Não tem nada a fazer com isso. Trata-se do limite máximo. O limite máximo é o mecanismo que produz um volume menor no longo prazo do carbono que vai para a atmosfera.”
Mas para que serve então o mercado de carbono?
A comercialização de carbono implica não só em dinheiro, ela representa uma empresa lucrativa para seus investidores.
Quem é o mercado?
  • Segundo Birley, são quatro grupos: compensadores de compromisso, investidores, árbitros e especuladores.
  • Justamente os mesmos que desencadearam a crise do não – pagamento das hipotecas (final de 2008). Grupos que fazem dinheiro com o dinheiro e o risco de outros.
Mas afinal qual é o limite máximo?
  • Não há limite máximo para a especulação na permissão para poluir. Uma empresa sediada em países desenvolvidos pode poluir quanto queira, desde que compre os créditos compensatórios. 
Sabe o que significa?


Que NÃO há redução real das emissões de carbono, porque o que uma empresa emite aqui é compensado acolá.


Sabe quanto custa um crédito de carbono?


um crédito = 1 tonelada de CO2 = 10 euros





Wednesday, June 30, 2010

Vazamento de Petróleo: Golfo do México x Nigéria

Golfo do México

O mundo todo está preocupado com o vazamento de petróleo no Golfo do México, o qual já atingiu a costa dos Estados Unidos. A última estimativa publicada pelo governo americano é que, entre 35 e 60 mil barris de petróleo por dia estão sendo despejados no mar.
Um acidente sem precedentes na história dos EUA, causado pela negligência e corte nos custos de operação da plataforma (segundo congressistas americanos).
Várias tentativas de conter o vazamento da BP foram inúteis, e afirma-se que outras petroleiras também não estão preparadas para conter estes tipos de vazamentos.


Oceanógrafos e biólogos detectaram vários fenômenos decorrentes do gigantesco vazamento de petróleo: golfinhos e tubarões começaram a aparecer perto das praias da Flórida, em águas rasas onde normalmente não se arriscam; milhares de arraias, caranguejos e peixes pequenos estão se aglomerando em um pier do Alabama, enquanto pássaros cobertos de petróleo estão entrando em pântanos e desaparecendo.


Golfo         PatonoGolfo

Cerca de 5,5 milhões a 9,5 milhões de litros de petróleo por dia vazam do poço, a 80 quilômetros da costa da Louisiana, nas águas do golfo. Pressionada pelo governo, a BP concordou em criar um fundo de US$ 20 bilhões para indenizar as pessoas e empresas afetadas pelo vazamento.

Nigéria: Petróleo vaza há 50 anos no Delta do Rio Níger


Grandes vazamentos de petróleo não são novidades na Nigéria. O delta do Níger, onde a riqueza em baixo da terra é desproporcional à pobreza dos que nela vivem, é submetido a um vazamento equivalente ao do Navio Exxon Valdez no Alasca por ano (41 milhões de litros, em 1989).
O petróleo vaza quase todas as semanas. Nenhum outro lugar da Terra tem sido tão poluído pelo petróleo.
O vazamento de um duto da Royal Dutch Shell foi fechado há poucas semanas, depois de vazar por 2 meses!! Não há mais um ser vivo nos mangues, nem camarões ou caranguejos – várias pessoas dependem da sua coleta para sobreviver.
Os vazamentos são causados por dutos enferrujados, nunca fiscalizados ou em manutenção. As empresas alegam sabotagem, mas a fiscalização e a leis são ineficientes.
"Não temos a imprensa internacional para cobrir o que acontece aqui, então ninguém se preocupa"


  Nigeria Niger
                    
Porque o desastre do golfo paralisa um país e um presidente?


Ninguém está preocupado com o vazamento na Nigéria, onde nada menos que 2 bilhões de litros vazaram no Delta do Níger nos últimos 50 anos ou cerca de 41 milhões ao ano, concluíram especialistas.
A Shell, principal empresa exploradora, opera em milhares de quilômetros quadrados, segundo a Anistia Internacional. Colunas envelhecidas de válvulas nos poços de petróleo se destacam entre palmeiras. Às vezes o petróleo jorra delas, mesmo que os poços estejam desativados.

Leia mais em  Jornal da Ciência e link das fotos da Nigéria e link para as fotos Golfo do México

Tuesday, June 29, 2010

Água: guerra pelo líquido precioso começou?

Água: guerra pelo líquido precioso começou?

Rio Nilo : Nove países africanos brigam pelas sua águas
O Rio Nilo banha, de um lado, os países desérticos Egito e Sudão, os quais dependem totalmente do rio para sobreviver e do outro lado, Uganda, Etiópia, Ruanda, Tanzânia e Quênia ...... que abastecem a corrente do rio.....
Milhares, senão milhões de pessoas dependem de suas águas, bebem, tomam banho, pescam, transportam suas mercadorias e plantam.
Há uma década os nove países banhados pelo Nilo negociam o que fazer para dividir os recursos e proteger o rio em tempos de mudanças climáticas, ameaças ambientais e aumento de população.
Segundo Henriette Ndombe, diretora executiva do Nile Basin Iniciative (instituição intergovernamental estabelecida em 1999 para supervisionar o processo de negociação e cooperação) é uma negociação séria e há pontos críticos como a secular questão:
 A quem pertence o Nilo?
O debate está sob âmbito da legislação internacional e o Egito a defende até com ações militares.
Egito e Sudão argumentam que a Lei está com eles desde a época que a Inglaterra controlava parte da região (Tratados de 1929 e 1959), estes tratados garantem aos dois países “utilização plena das águas do Nilo” e o poder de vetar qualquer projeto de represamento no Leste da África. A prioridade para Uganda é a geração de energia e a construção de mais represas. Construindo represas rio acima, o Egito tem menor vazão.
A Etiópia, fonte do Nilo Azul que se junta ao Nilo Branco em Khartoum e garante 86% da vazão, não tem direito a nada.

Em abril, num acordo de “uso equitativo e racional”, o qual Egito e Sudão se recusaram a assinar – só assinam se forem protegidos seus direitos históricos - os outros países perderam a paciência, alguns consideraram isso como um insulto – cobrar direitos sem obrigações.
Os diplomatas do Quênia, da Etiópia e de Uganda – países onde chove muito – conhecem a dependência do Egito das águas do Nilo, mas não se conformam em não poder utilizar um recurso tão valioso.
As mudanças climáticas e o aumento populacional – Egito tem hoje 79 milhões de hab e deve chegar aos 122 milhões até 2050 e nos países rio acima o crescimento ainda é maior, os 83 milhões de etíopes hoje serão 150 milhões daqui a 40 anos!
“Pode ser o começo de um conflito.”
Leia ais em ingles no The Guardian ou taduzida no EcoDebate.

Saturday, June 12, 2010

Economia Azul: Zero Emissões de GEE

Nossa sociedade está acostumada ao consumo de produtos que geram desperdício e poluição, o que causa desperdícios dos recursos limitados do planeta.

Sociedade injusta, devastação do meio-ambiente, concentração de renda, aumento da fome e da pobreza, geração absurda de resíduos tóxicos, são algumas das consequências do modelo econômico que o mundo adotou na modernidade.

Até agora o modelo de nosso economia depende do crescimento perpétuo, exigindo cada vez mais investimentos e mais recursos. O que leva a uma sociedade injusta e enviesada de economias e ecossistemas devastados.

Sugerido como um relatório ao Clube de Roma, a economia deve ser mais eficaz e colaborativa, verdadeiramente sustentável, com a introdução de inovações que permitam menos investimento e que acumule capital e não dívidas, o que significa emissões zero.

Günter Pauli (economista e ambientalista) é o fundador da Economia Azul, uma alternativa de Zero Emissões ou Zeri - Zero Emission Research and Initiatives.

Uma economia baseada na Inovação Tecnológica, em Modelos da Natureza e Nenhum Resíduo, isto equivale a aplicar a máxima de Lavoisier: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma!”

Leia mais em:

Entrevista traduzida no Portal EcoDebate

Site do Economia Azul ou Blue Economy

Saturday, June 5, 2010

Tuesday, June 1, 2010

A queima da cana de açúcar - Você sabe porquê?

O porque da queima da cana-de-açúcar.


Nunca antes neste País, como gosta de dizer o Presidente Lula, se falou tanto em
canaviais, cana-de-açúcar, álcool, etanol, efeito estufa, aquecimento global, poluição,
trabalhadores, capital, usinas, usineiros, combustível, energia, etc. etc. etc.

Em evidência na mídia estão os canaviais, as plantações de cana, matéria prima para produção de etanol, e não se pode deixar de mencionar, a prática milenar de queima da cana-de-açúcar para colheita e o trabalho escravo.

Apesar de algumas indústrias estarem mecanizando a colheita, a grande maioria das fazendas por este imenso Brasil ainda usam a prática da queima da cana imediatamente antes da colheita.

Algumas particularidades das plantações de cana-de-açúcar:
  • É uma prática altamente impactante apara o meio ambiente quanto as emissões de CO­­2 , poluição do solo e poluição da água
  • Trabalho em condições sub-humanas – e porque não dizer trabalho escravo?
  • Mudanças no modo produtivo dos municípios através da monocultura
  • Concentração da posse da terra e formação de grandes monopólios
  • Redução da biodiversidade pelo desmatamento e desequilíbrio ecológico
  • Geração de resíduos extremamente poluidores, como a vinhaça e torta de filtros
  • Uso intensivo de fertilizantes e de agrotóxicos tipo Roundup (herbicida)
  • Na queima, libera além de CO2 outros poluentes – hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs) ou fuligem – compostos cancerígenos, ozônio e outros produtos orgânicos

 Apesar do discurso contrário, a prática da queima da cana de açúcar favorece apenas aos produtores e ao agronegócio, é improvável que 80.000 trabalhadores cortadores de cana ficassem sem emprego caso não fosse mais queimada visto não existirem financiamentos e máquinas suficientes para substituí-los.

O LUCRO seria diminuído, pois com a queda da produção na colheita da cana sem queimar, seriam necessários equipamentos de proteção, salários justos e um contingente muito maior de pessoas a serem contratados.

Tudo feito em nome da produtividade e do lucro imediato!


Wednesday, May 26, 2010

Usina de Belo Monte – uma discussão que já dura mais de 20 anos.

Usina de Belo Monte – uma discussão que já dura mais de 20 anos.

·         Lembram da índia Tuíra?


      a kaiapó que ameaçou com um facão o então presidente da Eletronorte (atual Eletrobrás) José Antonio Muniz? Aconteceu em 1989, no 1o Encontro dos Povos Indígenas, em Altamira (PA) quando o mesmo apresentava o projeto da Usina de Belo Monte, que na época chama-se usina de Kararaô.
·         A cena foi registrada pela imprensa mundial e ficou na história. Naquela época os ambientalistas já lutavam contra o projeto, devido aos seus impactos ambientais pouco estudados.
·         Em 2008, outro protesto, agora em Brasília, outro dia, outro funcionário do governo, mesma índia e ainda mesmo problema – uma obra  gigantesca que ameaça o equilíbrio ecológico e sócio ambiental da região do Rio Xingu, na Amazônia.


·         Concebida no governo de Ernesto Geisel em 1975 como parte dos projetos de exploração do potencial da Amazônia. Nos anos 80 foram propostas a construção de mais 6 usinas na região. Em 1994 o projeto de Belo Monte foi remodelado, devido à pressão dos ambientalistas. Em 2008, o Conselho Nacional de Política Energética decidiu que somente o projeto de Belo Monte seria levado ao término.
·         Em 2009 foi realizado novo Estudo de Impacto Ambiental e em fevereiro de 2010 o Ministério do Meio Ambiente deu a licença prévia para a construção – antes dos resultados do estudo! Em abril de 2010 foi feito o leilão de licitação com a vitória do Consórcio Norte Energia liderado pela construtora Queiroz Galvão e pela Chesf (Centrais Elétricas do São Francisco).


·         Se construída, será a terceira maior do mundo em capacidade, a segunda é Itaipu, também no Brasil e a primeira maior fica na China.
·         Com capacidade prevista de 11 mil MW nos momentos de máxima produção, mas a média calculada é de 4,5 mil MW, porque o Rio Xingu tem suas épocas de cheia e vazantes, dependendo da época do ano.
·         O custo calculado da obra de R$19 bi (algumas construtoras já estimam em R$30bi) será financiado pelo PAC - Plano de Aceleração do Crescimento – nos lembra a época do desenvolvimentismo na ditadura militar, que custou um endividamento do Estado e pago com 10 anos de inflação – e Lula era o maior crítico deste desenvolvimentismo na época!!
·         Iam participar do leilão um grupo liderado pela Andrade Gutierrez e outro pela Camargo Corrêa. A Camargo saiu do páreo e o governo lançou medidas para estimular o leilão, como um desconto de 75% do IR nos primeiros dez anos de operação e um financiamento de 80% pelo BNDES – leia-se PAC ou Tesouro Nacional - com prazo de 30 anos para pagar. Um subsídio bem a La Geisel – os empresários comerciais e industriais serão os maiores consumidores desta energia e povo quem pagará.

 Impactos:
·         Francisco Hernandez, pesquisador do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP afirma que a usina provocará uma interrupção do Rio Xingu em 100 Km, o que atrapalhará a vazão de suas águas, prejudicando a população ribeirinha e os índios da região, e não será eficiente em termos de produção de energia (variação ao longo do ano entre 28.000 m3/s e 800 m3/s) o que reduz a 39% da energia do seu potencial total.
·         Serão inundadas aproximadamente 520 km2 de terras pertencentes a três municípios, Altamira, Vitória do Xingu e Brasil Novo. Nesta região estão 30 comunidades indígenas, 8 unidades de conservação ambiental, 4 reservas extrativistas, e milhares de pessoas serão desalojadas.
·         Segundo o diretor de licenciamento do IBAMA Pedro Bignelli nega que comunidades indígenas serão atingidas e que há projetos de preservação da fauna e flora – quais??
·         O Ibama impôs uma série de 40 condicionantes socioeconômicas e ambientais ao projeto. ???
·         O Ministério Público Federal ajuizou inúmeras ações contra esta construção – devido às irregularidades, mas o governo mandou suspender todas as ações – isso não te parece uma ditadura travestida de democracia???
L
Outros sites para consultas:

Leia aqui sobre as reuniões públicas efetuadas com a população local


Construção da Usina denunciada à ONU

documento para baixar – Pareceres de cientistas sobre o EIA

Tuíra em Brasília em 2009


Sunday, May 16, 2010

Projetos que geram Créditos de Carbono - Avalie você mesmo

Voltando aos créditos de carbono - RCEs

 Estas são alguns exemplos de empresas que possuem créditos de carbonos e os vendem no mercado de ações para empresas altamente poluidoras localizadas em países desenvolvidos.
As informações sobre seus projetos “sustentáveis” estão em seus próprios sites. Avalie você mesmo.

Projetos:
Plantar – MG – siderurgia: reflorestamento de eucalipto para produção de carvão. Não tem metodologia apurada de melhoria do processo de carbonização. Cada tonelada de ferro produzida com árvores de reflorestamento gera 1,1 ton de CO2, contra 1,9 ton de CO2 produzida pelo método convencional de usar carvão mineral (fóssil). Ainda assim, gera poluição e não compensa a natureza. Além de estar praticando monocultura de eucalipto na Serra da Mantiqueira do Espírito Santo, ato nada sustentável, visto ser o eucalipto uma planta não nativa que consome o lençol freático, impedindo que outras plantas à sua volta sobrevivam.


Lages Bioenergética e Tactebel – SC - energia: evitar emissões provenientes da decomposição de pilhas de resíduos de madeira, das madeireiras, co-geração de energia. Projeto “sustentável” que consiste em aproveitar resíduos vegetais de outras indústrias, os quais ficariam a céu aberto, sem aproveitamento, gerando metano por exemplo. Não leva em conta no seu projeto que ao queimar estes resíduos, também gera GEE (gases de efeito estufa).  


Alta Mogiana- SP – etanol: co-geração de energia do bagaço de cana e aumento da eficiência na produção de vapor na produção de etanol para vender energia à rede nacional. Tem imagem negativa no mercado internacional por praticar trabalho escravo e poluição ao meio-ambiente.


Nova Gerar Ecoenergia- SP e RJ – energia: aproveitamento do gás metano de aterro sanitário para produção de energia e tratamento do chorume. De qualquer forma há emissão de CO2 no ambiente proveniente da queima do metano para geração de energia, e o CO2 emitido pelos aterros sanitários não é computado.


Em outro post colocarei as empresas poluidoras que compram os créditos de carbono.


RCEs - você sabe o que é Crédito de Carbono?


Você sabe o que é crédito de carbono?


De acordo com o Tratado de Kyoto ratificado em 2005 as nações industrializadas devem reduzir suas emissões de gases poluentes em 5,2% de 2008 a 2012. Esta porcentagem é dividida entre as empresas do país, que ficam com a responsabilidade de reduzir as emissões. Ou adotam metas de não poluição ou compram commodities no mercado de ações, as RCEs.

RCEs – Reduções Certificadas de Emissões (mercado de) ou Certificados que autorizam a poluir!

Quem compra: países desenvolvidos, empresas poluidoras, que geram CO2 e precisam reduzir suas emissões, ou fazem isso na sua empresa ou compram de outra, dentro ou fora de seu país, visando os menores custos, a fim de cumprir as regras do Tratado.
As indústrias que mais poluem recebem das agências ambientais reguladoras, bônus negociáveis – cada bônus de RCE equivale a 1 ton de poluentes (CO2, SO2, CO, e outros).

Quem vende: ofertantes das RCEs localizados em países em desenvolvimento, que precisam cobrir os custos de um projeto. Estas empresas devem participar de projetos de desenvolvimento sustentável e que tenham alguma forma de compensação ao meio ambiente, seja evitando a poluição ou absorvendo-a (plantando árvores por exemplo).

Quem compra: não quer correr riscos e quer pagar no momento que receber as RCEs.
Quem vende: quer dividir os riscos e obter um financiamento inicial, pagável em RCEs (produto) para viabilizar o projeto.

No final de tudo, a transação toda não passa disso, apenas uma transação comercial de compra e venda que promove algum tipo de benefício para ambos os lados.

Uma forma das empresas se isentarem da responsabilidade que lhes cabe ao poluir o meio-ambiente. Uma forma de empresas conseguirem financiamento para seus projetos ditos sustentáveis. Leia mais aqui.

Referências:
 http://www.pensa.org.br/anexos/biblioteca/67200710113_Conejero_Neves.pdf
http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./noticias/index.php3&conteudo=./noticias/amyra/creditos.html


Thursday, May 6, 2010

Novo Reator Nuclear brasileiro - segurança? onde?

Irá custar U$850 milhões, a primeira parcela será financiada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia.
Tem dois objetivos:
  • Tornar o Brasil autosuficiente em radioisótopos para aplicação na medicina
  • Tornar o Brasil autosuficiente, também, em produção de urânio enriquecido, em escala industrial, que servirá para alimentar as usinas de energia e ao submarino nuclear.

É um projeto considerado caro e inseguro pelos especialistas da área que enviaram carta ao Presidente Lula.

Por ser um projeto importante para o Brasil, o governo precisa garantir que entre para o orçamento de 2011.
Conforme opinião do Ministro Rezende, entre os candidato ao Planalto, Marina Silva seria a única a se opor à este programa.

E ainda querem que acreditemos que não corremos risco.....

Assista o vídeo abaixo, é uma adaptação parte da obra prima "Sonhos" de Akira Kurosawa (atualizado em 2013)




Saturday, May 1, 2010

A discussão sobre o "novo" Código Florestal

Está tramitando no Congresso Nacional, a discussão sobre a alteração de pontos importantes do Código Florestal Brasileiro, que vigora desde 1965, mas não é cumprido.

Há um a verdadeira "guerra"em Agronegócio e Ambientalistas a respeito da Lei.

Lei que nunca foi cumprida pelo Agronegócio, e que através de Medida Provisória, o Presidente tenta impor.

Se votada esta Lei, nossa florestas estarão ameaçadas irremediavelmente, segundo Ambientalista, pois o fato da discórdia é justamente o quanto de florestas devem ser preservadas numa propriedade.



Para saber em detalhes acesse:

Portal do Meio Ambiente

Câmara dos Deputados

Greenpeace

Monday, April 26, 2010

Chernobyl - A cidade fantasma

Chernobyl também chamada de "cidade fantasma" após sua tragédia, é lembrada anualmente pela mídia e pela população, através de reportagens e filmes apresentados pelos canais de televisão locais.

Assista à este filme que é exibido nas TVs da Bielorrússia e Ucrânia todos os anos na data de 26 de abril.

Energia Nuclear _ Chernobyl 24 anos (26/04/1986 - 2010)

Após vários dias escrevendo sobre Energia Nuclear e o Brasil, pesquisando, lendo, tentando entender como um reator funciona, o que fazer com o lixo, qual o rendimento da eletricidade, os custos benefícios e muito mais. Devo confessar, que após ler vários documentos onde a Energia Nuclear é citada como a salvadora do mundo no quesito Energia para continuar o desenvolvimento, quase me convenceram de que é a melhor saída. Mas disse "quase", porque é impossível esquecer as histórias dos acidentes que marcaram a história deste planeta e nossas mentes.
Pouco tempo após eu vir morar em Goiânia aconteceu o acidente de Chernobyl - mas onde fica esse lugar? - pensei, tão longe, lá na Rússia, e num curto espaço de tempo, eu me via sendo protagonista de outro acidente aqui mesmo. De naturezas diferentes, por motivos diferentes? Não, acidentes nucleares causados por displicência de autoridades. Marcas que ficam por toda a vida na vida dos que sobraram...
Poderia ficar meses lendo e escrevendo, mas a imagens falam por si:







Chernobyl em 2008

















A Usina













A Cidade Fantasma - a usina ao fundo















O reator depois da explosão













Os trabalhadores retirando o entulho (que cena tão familiar)












 outra do reator explodido
















Um Café em Prypriat, a cidade que ficava há 3 Km, onde moravam os empregados da usina, antes da explosão.











O mesmo local em 1996.













Ainda o mesmo local, hoje.













Para saber mais visitem o site de Elena Filatova, onde poderão encontrar um arquivo muito bem organizado com fotos, filmes, diários, tudo bem documentado. Os créditos das fotos acima são de Elena e sua moto, que viajam todos os anos pelos locais hoje abandonados na Bielorrússia.

 http://www.angelfire.com/extreme4/kiddofspeed/ e

http://www.elenafilatova.com/

Que possamos refletir sobre o mundo que estamos deixando para o futuro do planeta Terra.

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