Saturday, April 27, 2013

Mudanças do Clima: curso on line para professores Ensino Médio

Mudanças do Clima: curso para professores Ensino Médio (Unesco)





O primeiro curso de aprendizagem on-line sobre Mudança do Clima para os professores do ensino secundário já está disponível.Este kit de treinamento inovador, intitulado UNESCO Curso para professores do ensino secundário sobre Mudanças Climáticas Educação para o Desenvolvimento Sustentável (CCESD) é projetado para dar aos professores a confiança, através de uma série de programas de seis dias, para ajudar os jovens a compreender as causas e conseqüências das mudanças climáticas hoje .

O curso tem como objetivo levar educação a mudança climática fora da sala de aula de ciência em todas as áreas susceptíveis de serem afectados pelas alterações climáticas. Estes incluem a ética, estudos sociais, economia e ciência política, entre muitos outros.  
Usando uma abordagem holística, abordagens pedagógicas e técnicas em seu próprio ambiente escolar, os professores podem desenvolver as capacidades de facilitar a mitigação das mudanças climáticas, adaptação e redução do risco de desastres aprendizagem. Instituições de formação de professores também podem usar o curso para atualizar o conteúdo CCESD em sua pré-atendimento e os programas de formação em serviço através de estruturas pedagógicas, exercícios, recursos regionais e diretrizes.
Os utilizadores podem aceder aos materiais de aprendizagem através de software baseado em Flash. O formato Flipbook proporciona uma experiência de livro na tela, juntamente com a funcionalidade de links para acesso rápido a outras páginas ou informações complementares (por exemplo, slides do PowerPoint).  
 "Há muitas iniciativas de base emocionantes sobre a educação para o desenvolvimento sustentável em andamento em todo o mundo", diz o diretor-geral da UNESCO, Irina Bokova. "Por trás de cada um deles estão envolvidos pessoas e professores jovens, inspirados pelo espírito de solidariedade. A educação é um dos pilares do futuro que queremos construir. "
Programa da UNESCO sobre Mudanças Climáticas Educação para o Desenvolvimento Sustentável está envolvida na construção desse pilar. Além disso, o programa inclui explicitamente a redução do risco de desastres em suas atividades e ferramentas.
acesse o link 

Sunday, April 21, 2013

DAMocracy impacto socio-ambiental das barragens


DAMOCRACY - documentário inédito sobre hidrelétricas no Brasil

Uma luta única por sobrevivência e justiça

Neste dia 19 de abril, quando no Brasil se comemorou o Dia do Índio, aconteceu o lançamento internacional do documentário Damocracy , um filme que, pela primeira vez, relaciona dois grandes desastres humanitários e ambientais em andamento, perpetrados por governos de dois países: no Brasil, a hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, Pará, e na Turquia a hidrelétrica de Ilisu, no rio Tigre.
A informação é do Movimento Xingu Vivo para Sempre, 20-04-2013.

Dirigido pelo premiado documentarista canadense Todd Southgate e produzido pela organização turca Doga Denergi, com apoio das ONGs International Rivers e Amazon Watch e do Movimento Xingu Vivo para Sempre, o filme traça paralelos sobre os impactos dos dois projetos nas populações locais e o meio ambiente, colocando em cheque o discurso que aponta a hidreletrcidade como fonte de energia limpa.
Assim como Belo Monte, a história do barramento do rio Tigre na região de Ilisu data da década de 1980, quando o governo turco iniciou o projeto da hidrelétrica, com capacidade projetada de 1.200 megawatts. Desde então, da mesma forma que Belo Monte, a usina é foco de uma intensa batalha judicial em função dos seus enormes impactos, principalmente a inundação e destruição de um dos maiores tesouros arqueológicos do mundo: a vila de Hasankeyf.
Hasankeyf tem uma história de mais de 12 mil anos de ocupações por culturas diversas, constituindo um museu a céu aberto. Nos paredões rochosos que margeiam o Tigre, cavernas da era neolítica ainda preservam resquícios dos primórdios da civilização humana. Posteriormente, a região fez parte dos impérios Romano e Bizantino, tendo sido ocupada nos séculos seguintes pelos árabes, Artuqids, Ayyubids, Mongóis e Otomanos.  Além do valor arqueológico inestimável e único de Hasankeyf, porém, a vila e seus arredores são o lar de mais de 35 mil pequenos agricultores e pastores, ameaçados de despejo.O documentário mostra imagens impressionantes e depoimentos comoventes da região e de seus moradores.

A semelhança entre o projeto turco e os planos do governo brasileiro para os rios da Amazônia é evidente. Assim como no Brasil, a Turquia planeja construir mais 1.500 hidrelétricas nos rios Tigre e Eufrates, e não só o país, mas Iraque, Irã e Siria sofrerão enormes impactos nos seus reservatórios de água doce.
Belo Monte, apenas uma das mais de 60 hidrelétricas planejadas para a região, é uma prova viva dos enormes impactos sociais e ambientais destas mega-obras. “O preço que o mundo está sendo impelido a pagar a governos, como o brasileiro e o turco, para proteger interesses políticos e corporativos, é insano. Damocracy conta uma história de resistência; não deveria se tornar um registro de uma perda que o mundo falhou em previnir”, afirma Engin Yilmaz, diretora executiva da roganização Doga Dernegi, principal movimento de resistência contra a construção da usina de Ilisu.
Sobre os produtores
O nome do documentário, DAMOCRACY, é o mesmo de um movimento internacional criado a partir dos debates, na Rio + 20, sobre a insustenatbilidade ambiental e social dos grandes projetos hidrelétricos no mundo.
Atualmente, Damocracy é composto pelas organizações Doga Dernegi (BirdLife in Turkey), Amazon Watch,International RiversRiverWatchGota D’águaInstituto Socioambiental (ISA)Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVPS), Right to Water Campaign Turkey (Su Hakkı Kampanyası), Root ForceContemporary Visual Arts Society (CVAS), Slow Food Fikir Sahibi Damaklar ConviviumGrand Rapids Institute for Information Democracy,Coordinadora de Afectados por Grandes Embalses y Trasvases (COAGRET) e Environmental Concerns (India).
Mais informações sobre o movimento estão disponíveis no site www.damocracy.org.
Para ver o vídeo clique aqui.

Fonte: IHU

Thursday, April 18, 2013

Índios e a PEC 215


Por que correram, deputados?

"A cena protagonizada pelos deputados seria risível se não representasse claramente o que pensam dos índios. Os engravatados correram, desesperados, quando viram um pequeno grupo de indígenas avançando  em danças rituais pelo meio do plenário". O comentário é de Elaine Tavares, jornalista, em artigo no Brasil de Fato, 17-04-2013.
Segundo a jornalista, "para os parlamentares, aqueles homens e mulheres nada mais são do que selvagens, perigosos e ameaçadores. Não conseguem os ver como cidadãos brasileiros, iguais a eles em direitos e deveres. Os deputados correram por que? De medo? E por que teriam medo? Porque sabem muito bem o que fazem e como tratam os povos indígenas nesse país".
Eis o artigo.
As comunidades indígenas do Brasil estão em processo de crescimento. Desde 1991 , segundo mostraram os dados doIBGE, o aumento da população foi de 205%. Hoje, o Brasil já contabiliza 896,9 mil índios de 305 etnias, e em quase todos os municípios (80%) tem alguma pessoa autodeclarada indígena. Até mesmo alguns grupos já considerados extintos, como os Charrua, se levantam, se juntam, retomam suas raízes, formam associações e lutam por território. Isso significa que a luta que vem incendiando a América Latina desde o início dos anos 90 já chegou por aqui.
Não é sem razão que causou tanto estupor a declaração dos Guarani Kaiowá, do Mato Grosso do Sul, de resistir até o último homem caso forem retirados de suas terras. É que as comunidades já estão fartas de conversinhas e promessas governamentais. Querem ver seus direitos garantidos agora e estão dispostos a lutar. Isso também coloca todo mundo em polvorosa, porque, de certa forma, quando os índios estão quietinhos nas aldeias, são muito bem vistos.
Mas, bastou levantar o tacape para que os racistas e reacionários de plantão já se alvorocem. É o que acontece hoje em Santa Catarina, quando é chegada a hora da desintrusão da terra indígena do Morro dos Cavalos. Aceitos por vários anos, vivendo em condições precárias em poucos hectares, agora que tiveram as terras definitivamente demarcadas e lutam pela desocupação do território, provocam o ódio de comunidades pacatas e cheias de "gente de bem".
Também é o que se vê na luta contra Belo Monte e as demais hidrelétricas que poderão destruir boa parte da vida no Xingu. As revoltas das comunidades indígenas e ribeirinhas incitam os velhos ódios e não faltam as vozes a clamar contra o que chamam de "obstáculos ao progresso". Já as fazendas de gado e de monocultura que destroem pouco a pouco a Amazônia são vistas como "desenvolvimento". Da mesma forma foram julgados como baderneiros e oportunistas os indígenas que ocuparam e resistiram na Aldeia Maracanã por sete longos anos, querendo unicamente preservar um espaço histórico. Foram retirados à força, como se fossem bandidos.
Agora, os ataques vem do governo e do Congresso Nacional, no qual tramita uma proposta de mudança na Constituição, a PEC 215. Essa proposta tem por objetivo transferir para o Congresso Nacional a competência de aprovar a demarcação das terras indígenas, criação de unidades de conservação e titulação de terras quilombolas, que até então é de responsabilidade do poder executivo, por meio da Funai, do Ibama e da FCP, respectivamente. A aprovação da PEC põe em risco as terras indígenas já demarcadas e inviabiliza toda e qualquer possível demarcação futura.
Além disso também está em vigor a portaria 303, da AGU, que define que qualquer terra já demarcada pode ser revista e tirada das comunidades, basta que dentro delas haja algo que seja do interesse dessa gente sempre pronta a sugar as riquezas do país (minérios, petróleo, rios). Ou seja, é a forma moderna de dominação dos mesmos velhos opressores. Se antes eram os arcabuzes, agora é a lei. E o que é mais espantoso, uma lei que viola a Carta Magna.
Por isso é que os indígenas brasileiros organizados decidiram fazer uma ação em Brasília, junto aos deputados. Sabem que não dá para confiar numa casa cujos habitantes foram eleitos por grupos econômicos que sistematicamente vêm rapinando as riquezas da nação e, portanto, não hesitarão passar por cima de comunidades inteiras se isso for necessários aos seus interesses. E tanto isso é verdade que ontem (dia16.04) eles estavam lá, tentando conversar, tentando entrar na casa que dizem, é do povo. Mas, estavam impedidos. Só que decidiram não aceitar uma imposição sem sentido. Se a casa é do povo, entrariam. E foi o que fizeram.
Forçaram a porta e adentraram ao plenário, onde os engravatados os ignoravam. A cena protagonizada pelos deputados seria risível se não representasse claramente o que pensam dos índios. Os engravatados correram, desesperados, quando viram um pequeno grupo de indígenas avançando  em danças rituais pelo meio do plenário. Para eles, aqueles homens e mulheres nada mais são do que selvagens, perigosos e ameaçadores. Não conseguem os ver como cidadãos brasileiros, iguais a eles em direitos e deveres. Os deputados correram por que? De medo? E por que teriam medo? Porque sabem muito bem o que fazem e como tratam os povos indígenas nesse país.

A vergonhosa correria rendeu frutos aos indígenas. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), acabou propondo uma saída honrosa. A casa suspenderia  a criação da comissão especial que iria apreciar o mérito daProposta de Emenda à Constituição (PEC) 215 e criaria  um grupo paritário para discutir os temas de interesse dos povos indígenas. Os índios reunidos no Salão Verde conversaram e deliberaram aceitando a proposta.
Agora é vigiar porque esse não vai ser um debate fácil. Tanto o governo como os grupos de poder que financiam a maioria dos deputados querem poder dispor das terras indígenas que estão cheias de riqueza. Mas, o fato é que a ação do "abril indígena" conseguiu pelo menos colocar em pauta um tema que já vem caminhando desde anos e não recebe a devida atenção nem pela mídia nem pelos deputados. Foi uma vitória, parcial e temporária, mas ainda assim uma vitória. O que prova por a + b que só a ação direta e organizada faz a vida das gentes avançar. E, para aqueles que estão aí, na luta sempre, a cena do apavoramento dos deputados deixa muito claro que eles sim, têm medo, embora não tenham prurido de destruir sistematicamente o modo de vida dos povos indígenas. A lição do abril indígena é singela: é preciso fazer com essa gente que não leva em conta os desejos das maiorias voltem a ter medo delas. A luta de classes avança por aqui também...
Fonte: IHU