Monday, April 26, 2010

Chernobyl - A cidade fantasma

Chernobyl também chamada de "cidade fantasma" após sua tragédia, é lembrada anualmente pela mídia e pela população, através de reportagens e filmes apresentados pelos canais de televisão locais.

Assista à este filme que é exibido nas TVs da Bielorrússia e Ucrânia todos os anos na data de 26 de abril.

Energia Nuclear _ Chernobyl 24 anos (26/04/1986 - 2010)

Após vários dias escrevendo sobre Energia Nuclear e o Brasil, pesquisando, lendo, tentando entender como um reator funciona, o que fazer com o lixo, qual o rendimento da eletricidade, os custos benefícios e muito mais. Devo confessar, que após ler vários documentos onde a Energia Nuclear é citada como a salvadora do mundo no quesito Energia para continuar o desenvolvimento, quase me convenceram de que é a melhor saída. Mas disse "quase", porque é impossível esquecer as histórias dos acidentes que marcaram a história deste planeta e nossas mentes.
Pouco tempo após eu vir morar em Goiânia aconteceu o acidente de Chernobyl - mas onde fica esse lugar? - pensei, tão longe, lá na Rússia, e num curto espaço de tempo, eu me via sendo protagonista de outro acidente aqui mesmo. De naturezas diferentes, por motivos diferentes? Não, acidentes nucleares causados por displicência de autoridades. Marcas que ficam por toda a vida na vida dos que sobraram...
Poderia ficar meses lendo e escrevendo, mas a imagens falam por si:







Chernobyl em 2008

















A Usina













A Cidade Fantasma - a usina ao fundo















O reator depois da explosão













Os trabalhadores retirando o entulho (que cena tão familiar)












 outra do reator explodido
















Um Café em Prypriat, a cidade que ficava há 3 Km, onde moravam os empregados da usina, antes da explosão.











O mesmo local em 1996.













Ainda o mesmo local, hoje.













Para saber mais visitem o site de Elena Filatova, onde poderão encontrar um arquivo muito bem organizado com fotos, filmes, diários, tudo bem documentado. Os créditos das fotos acima são de Elena e sua moto, que viajam todos os anos pelos locais hoje abandonados na Bielorrússia.

 http://www.angelfire.com/extreme4/kiddofspeed/ e

http://www.elenafilatova.com/

Que possamos refletir sobre o mundo que estamos deixando para o futuro do planeta Terra.

Sunday, April 25, 2010

Brasil e a Energia Nuclear - VI

As reservas de urânio do Brasil

·         Atualmente o Brasil tem 309 mil toneladas de reservas de U3O8  (óxido de urânio) nas minas em exploração em Minas Gerais, Bahia e outros estados. Isso é apenas o que foi encontrado até hoje em 25% do território nacional. A prospecção futura poderá encontrar outros depósitos significativos - somos apenas a 7ª. reserva mundial por enquanto.

·         Se forem instaladas mais 6 usinas, além de Angra 1,2 e 3, como são os planos futurísticos do governo, o gasto das mesmas será de 130 mil ton por toda sua vida útil, estimada em 40anos. Isso nos dá uma sobra de 180 mil ton de minério de urânio.

·         O investimento para estas usinas está estimado em  3 a 4 bilhões de reais em 10 anos, mais 7 bilhões por usina, num total de aproximadamente 53 milhões de reais.


Você sabia que.......?   Antes das usinas brasileiras Angra 1 e 2 já se produzia lixo radiativo proveniente do tratamento das areias monazíticas das praias do Espírito Santo?

  • As areias, também chamadas de terras raras (possuem elementos actnídeos e lantanídeos da tabela periódica)
  • Lixo esse denominado torta II de aspecto pastoso, o qual está acumulado em silos ou piscinas de 500 m3 em Itu, onde há 6 silos contendo 3.500 ton de tortaII. 
  • Em Poços de caldas há um depósito com 3000 ton. 
  • A torta II é rica em tório (lixo produzido entre 1948 e 1976). Após este período não houve mais interesse comercial na separação do tório e urânios das terras raras o único material ainda retirado é o Cério. 
  • Este lixo contamina o meio ambiente local, por ser solúvel em água e haver rachaduras nos silos, a contaminação encontrada no lençol freático é com rádio-228, um sub-produto do tório-232 inicial.



Saturday, April 17, 2010

Brasil e a Energia Nuclear - V - e o assunto não se esgota!!

Os resíduos gerados numa usina do tipo Angra I e II - Reatores BWR (reator de água fervente)

  • Nas usinas elétricas-nucleares o combustível dura de 3-5 anos. O combustível queimado contém 96% de urânio original, 3% de produtos residuais e 1% de plutônio.
  • O resíduo de 1% de plutônio pode ser reprocessado para produzir energia elétrica ou pode ser usado para produzir mísseis atômicos.
  • Os 96% de resíduo de urânio original pode ser reciclado para gerar energia elétrica novamente.
  • O resíduo de 3% altamente radioativo, o “lixo atômico”, é misturado a Be (berilo) e transformado em um óxido misto, sólido vitrificado, com baixa solubilidade em água, e acondicionado em cápsulas de aço inox, revestidas ou não de concreto e colocadas em tanques (ou piscinas) de água, para resfriarem e ficarem esperando por um depósito definitivo.
  • No processamento também há formação de resíduos de alto nível, compostos por elementos transurânicos como o amerício(Am) e o netúnio(Np).

  •  Cada reator no Brasil produz 30 ton/ano de rejeitos. 
  • Cada tonelada de rejeitos produz aproximadamente 180 milhões de Ci (1 curie = 37 bilhões de desintegrações/seg) e gera 1,6 milhões MW de calor
(1 Curie = 37 bilhões de desintegrações por segundo, esta unidade substituiu o Bequerel (Bq) o qual mwde apenas 1 desintegração por segundo - um nada de um tudo!)

Referência: A bomba de Hiroshima (20 Mtons) produziu 1 milhão Ci e Chernobyl, 50 milhões Ci


  • Após 1 ano, 1 ton de resíduos tem sua atividade radiativa diminuída de 180 milhões para 693 mil curies. Após 10 mil anos serão “apenas” 470 curies.

     Taxa de Atividade e Meia Vida
    • Taxa de atividade é a quantidade de desintegrações por segundo de uma certa amostra contendo átomos radioativos. Quando ocorre o decaimento radioativo, a amostra perde massa e atividade.
    • A meia-vida é o tempo que uma amostra leva para perder metade de sua atividade.

    A atividade pode ser medida em Curie ou Bequerel.


    Brasil e a Energia Nuclear - IV

    Energia Nuclear x outras 


    Atualmente a Energia Nuclear fornece 17% de toda e energia elétrica do planeta (fonte AIEA).




    • As projeções mais recentes são que o mundo terá 40% da sua matriz energética baseada em Energia Nuclear entre 2016 e 2027.

    • Reatores em atividade no mundo (2008/2009) = 439 unidades (INB)


      • Angra 1 fornece atualmente 630 MW e tem capacidade total para 657MW
      • Angra 2 fornece atualmente 1.347MW e tem capacidade total para 1350MW
      Referências: 
      Hidrelétricas: Se construída,Belo Monte fornecerá 11.000MW, Itaipú fornece 14.000 MW (Eletrobrás e Itaipú)
      Termoelétricas: 107.796,211MW atualmente, com projeção para mais 37.071,436MW para os próximos anos (Anaeel)


      Ontem os olhos do mundo se voltavam para a reunião dos "nucleares", hoje, a crítica mundial está sobre a aprovação da construção de Monte Belo.
      Durma com este barulho....

      Brasil e a Energia Nuclear - III

      ·         Ciclo do combustível nuclear
      1.      Mineração: extração do minério
      2.      Moagem: pulverização do minério para facilitar reações químicas que o transformam em um pó amarelo conhecido como “yellow cake” – um concentrado de urânio, contendo 70 a 90% de U3O8  - um óxido de urânio
      3.      Remoção de impurezas: o óxido U3O8 é convertido a U­­­­O3 através de reações químicas – óxido laranja
      4.      Produção de UF6 (hexafluoreto de urânio) – um gás com baixa radioatividade.
      5.      Enriquecimento: aumentar a concentração para 2 a 4% do isótopo U-235 no UF6 para torná-lo altamente radioativo
      6.      Fabricação do combustível: transformar o gás UF6 em metal, na forma de moedas ou “pellets”
      7.      Uso do combustível por 3-5 anos, quando o U-235 atinge 25% de sua concentração inicial, quando o combustível é retirado e levado ao reprocessamento.
      8.      Armazenamento do resíduo (lixo nuclear): o material que sobra do reprocessamento é tratado a fim de reduzir seu volume.

      O país que domina todas estas fases, como Brasil, está um passo frente os outros, estratégicamente falando.

      Wednesday, April 14, 2010

      Brasil e Energia Nuclear - II

      TNP – Tratado de Não Poliferação da Energia Nuclear

      O Brasil se recusa a assinar este tratado extra, desde há muitos anos, e pelo visto não está pretendendo assinar, nem sob pressão, conforme pode-se perceber pelas palavras do Ministro Samuel Pinheiro Guimarães, ver no portal da Força Aérea publicadas no Estadão do dia 28/03/201: -  “...se quiserem suspeitar, que suspeitem, o Brasil não se deixa intimidar” .

      A pressão sob o Brasil deve aumentar com o protocolo adicional da AIEA no qual qualquer país que desenvolva energia nuclear para fins pacíficos, deve se submeter a inspeções detalhadas de uma comissão internacional, inspeção essa que seria efetuada a qualquer momento, de surpresa, onde o país inspecionado teria que mostrar o detalhamento técnico de suas atividades.

      Atualmente o Brasil tem assinado, o acordo internacional com a AIEA, os quais tem permissão para a inspeção periódica, agendada, e é claro, sem acesso a detalhes de nossa tecnologia. Afinal mais que isso será uma invasão de domicílio e um atentado à soberania nacional de qualquer país.

      É isso que está perturbando a paz de diversos governantes e agitando a reunião que está ocorrendo no momento nos EUA.

      Outro ponto importante neste tratado complementar é o fato de que os países que não ainda possuem tecnologia nuclear não poderão mais desenvolvê-la, ficando condicionados aos preços do mercado internacional.


      (continua...)

      Friday, April 2, 2010

      Brasil e Energia Nuclear - I

      Energia Nuclear, assunto delicado, controverso, que levanta adeptos de ambos os lados: prós e contras.



      Eu particularmente sempre fui contra o uso da energia atômica, uma energia poderosíssima, na qual qualquer descuido ou ação pervertida pode causar danos praticamente irreversíveis ao meio-ambiente, se pensarmos em termos de tempo para recuperação, pode superar em muito a nossa passagem pelo planeta (milhares de anos no caso de urânio e plutônio).
      Mas o assunto está na boca do povo, na mídia, nos meios políticos e acadêmicos, portanto vamos estudar isso um pouco e aos poucos.

      1.     O Brasil irá produzir o gás de urânio o UF-6 (hexafluoreto de Urânio) e o UF-4 (tetrafluoreto de urânio) na usina que deverá estar pronta em 2011 em Iperó-SP.

       esta é Angra

      2.     A mesma usina irá fabricar o combustível nuclear para abastecer o submarino atômico que está sendo desenvolvido pela Marinha Brasileira também em Iperó,  (ainda em protótipo), numa produção de 40 ton/ano. (leia mais..)

      Yellow cake

      3.     Esta unidade de enriquecimento/beneficiamento pretende ser um protótipo para aperfeiçoamento da produção do UF-6 e UF-4, com isto o Brasil poderá fechar o ciclo nuclear e entrar para a seletiva lista dos países que o dominam. O ciclo consiste em: minério – gás UF-6 e UF-4 – massa enriquecida (yellow cake) – combustível – construção de reatores – estocagem de resíduos. A Marinha vai dominar todas as fases do processo.
      Mineração em Catité -Bahia



      Bom, e o que nos interessa isso? diria você que está aqui, de passagem (ou não). Dois motivos nos interessam:
      1. Isso nos arremete como um futuro fornecedor internacional de combustível atômico, urânio enriquecido e serviços no setor, já que a energia nuclear para produção de energia elétrica tem sido o assunto do dia nos meios nacionais e internacionais.

      1. Essa movimentação nos ajuda a entender a posição do Brasil em relação ao Irã, defendendo o direito do mesmo ao uso pacífico da Energia Nuclear.
        
      • A Constituição Brasileira (art.21, parágrafo XXIII, alínea a) tem um dispositivo que só admite atividade nuclear no país para fins pacíficos e mediante aprovação do congresso.

      • Quer dizer que o Brasil domina a tecnologia de enriquecimento de urânio a 20% ou mais, mas tomou a decisão política de fazer abaixo disso para afastar desconfianças internacionais.

      • Com isso tem acalmado a AIEA (Agencia Internacional de Energia Atômica), que entre outras, tem a função fiscalizadora. Pelo menos até maio, quando ocorrerá uma conferência (ocorre a cada 5 anos) e provavelmente a pressão sobre o Brasil irá aumentar.

      • Mas que pressão? O fato é que o Brasil não assinou o tratado de inspeção internacional exigido pela Agência. Entendeu porque defende o direito do Irã no mesmo quesito? Desde que seja para fins pacíficos, todos podem.

      (continua...)