Usina de Belo Monte – uma discussão que já dura mais de 20 anos.
· Lembram da índia Tuíra?
a kaiapó que ameaçou com um facão o então presidente da Eletronorte (atual Eletrobrás) José Antonio Muniz? Aconteceu em 1989, no 1o Encontro dos Povos Indígenas, em Altamira (PA) quando o mesmo apresentava o projeto da Usina de Belo Monte, que na época chama-se usina de Kararaô.
· A cena foi registrada pela imprensa mundial e ficou na história. Naquela época os ambientalistas já lutavam contra o projeto, devido aos seus impactos ambientais pouco estudados.
· Em 2008, outro protesto, agora em Brasília, outro dia, outro funcionário do governo, mesma índia e ainda mesmo problema – uma obra gigantesca que ameaça o equilíbrio ecológico e sócio ambiental da região do Rio Xingu, na Amazônia.
· Concebida no governo de Ernesto Geisel em 1975 como parte dos projetos de exploração do potencial da Amazônia. Nos anos 80 foram propostas a construção de mais 6 usinas na região. Em 1994 o projeto de Belo Monte foi remodelado, devido à pressão dos ambientalistas. Em 2008, o Conselho Nacional de Política Energética decidiu que somente o projeto de Belo Monte seria levado ao término.
· Em 2009 foi realizado novo Estudo de Impacto Ambiental e em fevereiro de 2010 o Ministério do Meio Ambiente deu a licença prévia para a construção – antes dos resultados do estudo! Em abril de 2010 foi feito o leilão de licitação com a vitória do Consórcio Norte Energia liderado pela construtora Queiroz Galvão e pela Chesf (Centrais Elétricas do São Francisco).
leia mais em: http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,facoes--artistas-e-contradicoes-cercam-belo-monte,not_14438.htm
· Se construída, será a terceira maior do mundo em capacidade, a segunda é Itaipu, também no Brasil e a primeira maior fica na China.
· Com capacidade prevista de 11 mil MW nos momentos de máxima produção, mas a média calculada é de 4,5 mil MW, porque o Rio Xingu tem suas épocas de cheia e vazantes, dependendo da época do ano.
· O custo calculado da obra de R$19 bi (algumas construtoras já estimam em R$30bi) será financiado pelo PAC - Plano de Aceleração do Crescimento – nos lembra a época do desenvolvimentismo na ditadura militar, que custou um endividamento do Estado e pago com 10 anos de inflação – e Lula era o maior crítico deste desenvolvimentismo na época!!
· Iam participar do leilão um grupo liderado pela Andrade Gutierrez e outro pela Camargo Corrêa. A Camargo saiu do páreo e o governo lançou medidas para estimular o leilão, como um desconto de 75% do IR nos primeiros dez anos de operação e um financiamento de 80% pelo BNDES – leia-se PAC ou Tesouro Nacional - com prazo de 30 anos para pagar. Um subsídio bem a La Geisel – os empresários comerciais e industriais serão os maiores consumidores desta energia e povo quem pagará.
· Francisco Hernandez, pesquisador do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP afirma que a usina provocará uma interrupção do Rio Xingu em 100 Km , o que atrapalhará a vazão de suas águas, prejudicando a população ribeirinha e os índios da região, e não será eficiente em termos de produção de energia (variação ao longo do ano entre 28.000 m3/s e 800 m3/s) o que reduz a 39% da energia do seu potencial total.
· Serão inundadas aproximadamente 520 km2 de terras pertencentes a três municípios, Altamira, Vitória do Xingu e Brasil Novo. Nesta região estão 30 comunidades indígenas, 8 unidades de conservação ambiental, 4 reservas extrativistas, e milhares de pessoas serão desalojadas.
· Segundo o diretor de licenciamento do IBAMA Pedro Bignelli nega que comunidades indígenas serão atingidas e que há projetos de preservação da fauna e flora – quais??
· O Ibama impôs uma série de 40 condicionantes socioeconômicas e ambientais ao projeto. ???
· O Ministério Público Federal ajuizou inúmeras ações contra esta construção – devido às irregularidades, mas o governo mandou suspender todas as ações – isso não te parece uma ditadura travestida de democracia???
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Outros sites para consultas:
Leia aqui sobre as reuniões públicas efetuadas com a população local
Construção da Usina denunciada à ONU
documento para baixar – Pareceres de cientistas sobre o EIA
Tuíra em Brasília em 2009